Precisamos falar sobre a saúde sexual do casal. Como está a sua?

Essencial, a saúde sexual do casal é um fator de qualidade de vida. 95% dos brasileiros consideram que o sexo é muito relevante para a harmonia dos casais

Em 2016 foi realizada uma ampla pesquisa sobre o perfil sexual dos brasileiros. Mais de 3 mil pessoas, entre 18 e 70 anos, foram entrevistadas em Belém, Belo Horizonte, Distrito Federal, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. O trabalho foi coordenado pelo Instituto de Psiquiatria (IPq), do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Um dado da pesquisa chamou atenção dos especialistas. Apesar das muitas diferenças entre homens e mulheres, há acentuada concordância sobre a importância do sexo para a harmonia do casal. Para 95,3% dos entrevistados, o sexo é fator que impacta diretamente a harmonia do casal. Desses, 96,2% eram homens e 94,5%, mulheres. 

Se houve praticamente unanimidade no valor que o sexo tem para os casais, a frequência das relações sexuais apontou perfis diferentes. Quando foi perguntado sobre a quantidade, a resposta mais escolhida pelas mulheres foi “três vezes”. A pergunta formulada foi sobre o número ideal de relações por semana. Já os homens escolheram a opção “oito vezes”.

A pesquisa revela que precisamos falar sobre a saúde sexual dos casais. Como está a sua frequência? 

Os brasileiros ouvidos no estudo disseram que vai bem. Mas admitiram que apesar do desejo, a expectativa de fazer mais sexo não corresponde à realidade. Do lado masculino, predominou a resposta de relações sexuais “três vezes por semana”. Do lado feminino, “duas vezes por semana”. 

Dois motivos principais afetam diretamente a frequência do relacionamento sexual do casal: a correria do dia a dia e o cansaço foram fatores admitidos pelos entrevistados.

A pesquisa apontou, ainda, preocupações com a saúde. Segundo os brasileiros e brasileiras entrevistados, a atividade sexual envolve riscos, como a “possibilidade de contrair doenças”, opção escolhida pelas mulheres. Já para os homens, existe o “temor de não satisfazer a parceira”, opção que alerta sobre doenças masculinas relacionadas com a disfunção erétil.

Casal que não faz amor

O médico David B. Samadi, em artigo para blog de saúde no jornal espanhol El País, reconhece que “passar por um período sem sexo pode acontecer”, seja por motivo de trabalho, viagens, baixa libido ou não ter a pessoa certa do lado.

Se a ausência se prolongar muito, alerta o Dr. David, sua saúde será afetada. A falta de sexo pode acarretar, por exemplo, maior estresse, depressão e aumento de cólicas (entre as mulheres). O artigo cita, ainda, pesquisas que apontam risco ampliado de câncer de próstata (a ejaculação frequente pode remover substâncias nocivas da próstata) e de disfunção erétil (sexo frequente ajuda a preservar a força do pênis). 

Outro estudo, divulgado pelo jornal britânico The Guardian, concluiu que “relacionamentos felizes podem aumentar a expectativa de vida”. Sobre a prática sexual, pesquisas demonstraram que pessoas casadas, ou que dividem a vida, fazem sexo duas vezes mais que as solteiras.  

Com base nesses estudos, fica claro que é preciso incluir a saúde sexual do casal como um fator que potencializa qualidade de vida e bem-estar.

Precisamos falar sobre a saúde sexual do casal: importância do diálogo

Qualidade do sexo e tempo para fazer amor 

E como está a qualidade do sexo? Foi o que perguntou uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, em 2010. Os dados confirmam que pessoas com parceiros estáveis avaliam a qualidade da sua vida sexual de forma superior aos que não desfrutam de um relacionamento estável. 

Os que vivem com seus parceiros, ou vivem em casas separadas, estão 65% a 83% satisfeitos com a qualidade do sexo. Já aqueles que nunca viveram com uma parceira, ou que já moraram com alguém no passado, apresentam índices de 35% a 44% de satisfeitos. 

A Dra. Luisa Dillner, escritora e médica, alerta sobre o tempo que os casais passam juntos. É preciso que o tempo vá além de dormir ou ver filmes na TV juntos, mas que inclua também reservar tempo de verdade um para o outro, com diálogo verdadeiro.

A médica, em artigo no The Guardian, cita um estudo publicado no Journal of Sexual Research que envolveu 6.029 casais nos Estados Unidos. A descoberta da pesquisa, “um tanto óbvia”, aponta que “quanto menos tempo os casais passam juntos, menos sexo eles fazem”.

Os especialistas avisam que as coisas não vão melhorar automaticamente. Ter tempo para o sexo é essencial. Outra recomendação é: deixe de tratar o tema como tabu. A saúde sexual do casal deve ser prioridade. 

Diálogo sempre ajuda

De acordo com o Dr. Paulo Egydio, urologista reconhecido internacionalmente, além de avaliar se está tudo bem com a saúde física e emocional, pois há fatores que podem interferir diretamente na performance sexual, “é preciso de diálogo entre o casal e reservar momentos de intimidade e erotização”. 

Outra dica importante do urologista é conversar abertamente com a parceira sobre os problemas masculinos e também sobre os problemas femininos, como “a dificuldade em manter o equilíbrio hormonal e a diminuição da lubrificação natural”.

Para o Dr. Paulo Egydio, a saúde sexual ainda é vista com certa reserva no universo masculino. “Os homens”, explica, “quando têm algum problema lá embaixo, ficam aterrorizados e começam a evitar o sexo” com a sua parceira (o). 

O melhor é encarar abertamente o que está ocorrendo e consultar um especialista. Os problemas podem ser de várias naturezas, explica o Dr. Paulo: curvatura peniana, disfunção erétil, insegurança com o tamanho e formato do pênis, falta de libido, dor nas relações sexuais, o pênis escapa ou dobra. Alguns homens preferem colocar a culpa na idade, um preconceito que precisa ser combatido.

Ficar plenamente satisfeito com a vida sexual envolve fatores biológicos, psicológicos, culturais e que interagem entre si. Para ter certeza de que tudo anda bem é importante consultar-se regularmente com um urologista.

Dr. Paulo Egydio

Médico PhD em Urologia pela USP, CRM 67482-SP, RQE 19514, Autor dos Princípios Geométricos (conhecido como “Técnica de Egydio”), além de outros artigos e livros cientifícos na área. Professor convidado para ministrar aulas e cirurgias ao vido, em congressos no Brasil e Exterior.

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